Mário Moura - Educador e Poeta.
Há cerca de dois mil anos, na Judéia, surgiu no deserto, percorrendo toda a terra ao redor do rio Jordão, um profeta, um precursor, disposto a preparar a vinda de uma pessoa, que esperada por anos - séculos - seria bem mais importante a ponto de dizer: "
mas ei que vem aquele que é mais poderoso do que eu, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias" (Lc 3,16). Anunciou a brevidade e a complexidade do acontecimento:
"Preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas" (Lc 3,4), alertando que não era mais algo longe, pois estava chegando a hora e todos deveriam estar envolvidos com sua chegada:
"Este será grande e será chamado filho do altíssimo" (Lc 1,32), ou seja, todo ser humano verá a salvação de Deus.
Na atualidade, encontramos também pessoas dedicadas a divulgar a chegada de outro ser no Natal. Esses indivíduos pensam e planejam estratégias que não falham em provar que todos não devem perder a atenção e o foco a essa personalidade: são os publicitários e sua metodologia consiste em deixar um sentimento de exclusão para quem não participa - se auto-inclui - no processo preparatório da sua chegada.
Se no primeiro caso o projeto partiu de Deus, agora a missão - encargo - vem daqueles que tem por objetivo ganhar - faturar - muito no Natal. Os marqueteiros garantem afinal a manutenção da "coca-cola", "celulares Vivo, Tim, Claro, Oi..." "Mcdonalds" nossos de cada dia. Justiça seja feita, não é todo mundo que consegue sobreviver a mel e gafanhotos como João Batista, um barbudo estranho, vestido com pele de camelo.
Hoje é bem mais gratificante e fácil vender o personagem contemporâneo. É um simpático velhinho de barba branca, que chega trazendo muitos presentes... Sua única exigência é a de temos que passar horas e horas pelos "caminhos" lotados do Shopping Center, matando nossos desejos de consumo. Convenhamos, porém, isso não é nada perto do sacrifício e das absurdas inconveniências que aquele anunciado pelo João Batista pede a nós.
Se quisermos realmente que o Natal tenha sentido e sentido cristão e humano, não podemos vivê-lo de qualquer modo. O Advento é o tempo de prepararmos o nosso coração como manjedoura de Deus. Acolher o Menino-Deus e acolher e sentir as vidas dos milhões de desempregados, famintos, miseráveis... é gritar e denunciar a causa da luta pelos indígenas, negros, pobres, crianças, homens, mulheres, idosos crianças de rua, favelas, da caatinga... é suavizar nossa vida, fortalecer a fé e evangelizar a partir da mais linda mensagem divina aos seres humanos: Deus habita o universo e hospeda-se em nosso ser.
O Natal já começou de fato para quem anseia, sente e espera a chegada de Jesus Cristo. Em vez de estarmos preocupados com a ceia, os presentes de amigo-secreto, com e como podemos presentear, temos que pensar o quanto nós estamos propensos a fazer desse Natal não apenas mais um. Sim um Natal de VIDA, ESPERANÇA, PARTILHA, ACOLHIMENTO, TERNURA, SENTIMENTOS, CORAÇÕES, LUZES, FLORES, PENSAMENTOS... Torná-lo único, inesquecível, transformador, comprometido! A história e o fato são extraordinários o bastante para se conseguir isso.
Cabe a nós decidir. E você está esperando quem? Jesus ou Papai Noel?