domingo, 19 de julho de 2009

O ARTISTA INCONFESSÁVEL

Fazer o que seja é inútil.
Não fazer nada é inútil.
Mas entre fazer e não fazer
Mais vale o inútil do fazer.
Mas não, fazer para esquecer
que é inútil: nunca o esquecer.
Mas fazer o inútil sabendo
que é inútil e que seu sentido
não será sequer pressentido,
fazer: porque ele é mais difícil
do que não fazer, e dificilmente
se poderá dizer
com mais desdém ou então dizer
mais direito ao leitor Ninguém
que o feito o foi para ninguém.

Autor: João Cabral de Melo Neto

Nenhum comentário:

Postar um comentário