quarta-feira, 23 de junho de 2010

MEUS OLHOS

         Quisera que meus olhos fossem duros e frios
e que ferissem fundo dentro do coração
e que nada experimentassem dos meus sonhos vázios,
         fossem esperança ou ilusão.

         Indecifráveis sempre a todos os profanos
do fundo e suave azul da tranquila safira,
         ou a alegria do viver.

         No entanto estes meus olhos são cândidos e tristes,
não como eu os desejos nem como devem ser.
         É que estes olhos meus é o coração que o veste
                   e seu desgosto fá-los ver.

Autoria: Pablo Neruda

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